Com a fé como lupa ou grelha de leitura, os escritores sagrados falam da origem e do sentido das coisas. A sua informação é empírica, não científica. Escrevem nos géneros literários do seu tempo. Servem-se de lendas e mitos da Suméria, da Babilónia e de Ugarit, purificando-os de conceitos incompatíveis com aquela fé. Por isso, ao ler um texto da Bíblia, é preciso ter em conta o género literário em que foi escrito. Senão, geram-se equívocos e fazem-se falsas leituras da Palavra de Deus.
Por exemplo: os primeiros capítulos do Genesis são um poema catequético. Não temos aí uma explicação científica da origem do mundo e do ser humano, nem podemos encontrar contradição entre o seu esquema literário da criação em seis dias e a explicação científica da evolução através das idades. Não é a sua linguagem nem a sua mensagem. O poeta/catequista quer apresentar ao trabalhador crente o modelo de Deus, para que também ele, após uma semana laboral, dedique um dia in/útil ao encantamento e contemplação das criaturas, à fruição e partilha dos bens criados e ao louvor de Deus que fez dele seu colaborador na gestão da natureza e da humanidade.
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