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sexta-feira, 20 de maio de 2011

A opinião de um espírita sobre Melquisedeque

-Quem é Melquisedeque

Na medida do possível preferimos não entrar no campo das opiniões pessoais, pois por vezes pode ser tomada como uma verdade, sendo que essa é relativa. A única forma de buscar a verdade absoluta é através da universalidade do ensino dos espíritos, e como esse assunto em questão ainda não nos foi revelado pela espiritualidade superior, temos apenas umas considerações de foro íntimo.

Melquisedeque é tratado na Genesis e na Epístola de Paulo aos Hebreus, mas não há provas conclusivas de que seja a mesma pessoa:

Genesis Cap 14

18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.

19 E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;

20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

Epístola aos Hebreus Cap 5

5 Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei.

6 Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque.

Visando a Epístola do Apóstolo dos Gentios nos deparamos com o Versículo 5, onde nos é mostrando que Jesus recebeu o título de Cristo por Deus.

Já no Versículo 6 começamos com a seguinte frase: “Como também diz, noutro lugar”. Seria esse “outro lugar”? Provavelmente o livro Salmos: "Jurou o SENHOR, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque." (Salmos 110 : 4).

Porém, é no Capírtulo 7 que Paulo realmente vai nos dar uma definição mais precisa sobre Melquisedeque:

1 PORQUE este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou;

2 A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz;

3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.

4 Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos.

5 E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão.

6 Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas.

7 Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior.

8 E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive.

9 E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos.

10 Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.

11 De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?

12 Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.

13 Porque aquele de quem estas coisas se dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar,

14 Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio.

15 E muito mais manifesto é ainda, se à semelhança de Melquisedeque se levantar outro sacerdote,

16 Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível.

17 Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque.

18 Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade.

19 (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.

20 E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes,

21 Mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque),

22 De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador.

23 E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer,

24 Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.

25 Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

26 Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus;

27 Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.

28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.

Quero dar especial atenção ao versículo 3:

3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.

Onde temos a percepção de que Melquisedeque é um ser Crístico assim como Jesus.

Agora vejamos o que Emmanuel diz:

Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. (A Caminho da Luz, Cap 1)

A primeira informação que analisaremos é a seguinte frase: “existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo. Veja que isso se assemelha com a narrativa de Paulo descrita acima, pois que tanto Paulo quanto Emmanuel afirmam a titulação “Cristo” como vinda diretamente de Deus.

Agora analisemos a segunda parte: “em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias”. Daí concluímos que, esses seres intitulados de Cristos são os Governadores, dos quais Jesus é o nosso.

-A relação entre Melquisedeque e Jesus

No próximo parágrafo Emmanuel diz:

Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos. (A Caminho da Luz, Cap 1)

Analisemos a seguinte afirmação: “Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos”. Daí, entendemos Jesus como sendo: um Cristo, puro e perfeito. Sendo que os espíritos perfeitos já se depuraram e não mais necessitam da matéria para evoluir, dela dispondo apenas como missionários celestiais.

Pois bem, temos que Melquisedeque não é necessariamente mais evoluído que Jesus, pois vimos que Jesus já tinha se depurado, recebendo a qualidade de perfeito.

Além de termos mais um indício no seguinte versículo:

Epístola aos Hebreus Cap 7

3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.

O uso da palavra semelhante, ao invés de superior, pode nos ajudar a compreender a relação entre Jesus e Melquisedeque.

Aos que dizem que há espíritos mais evoluídos que Jesus, pois são mais velhos que ele, também poderíamos contra-argumentar. Pois o tempo é relativo, e não se passa da mesma forma para todos, sendo que talvez não mais afete os Espíritos Puros.



Temos para isso a questão 113 e 226 do livro dos espíritos:

“Os Espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.”

“Poder-se-á dizer que são errantes todos os Espíritos que não estão encarnados?

Sim, com relação aos que tenham de reencarnar. Não são errantes, porém, os Espíritos puros, os que chegaram à perfeição. Esses se encontram no seu estado definitivo.”

Essas afirmativas no livro dos espíritos nos são muito intuitivas, pois que não há ninguém que consiga sequer imaginar alguém que possa amar de forma mais pura do que Jesus.

- Jesus e a ordem de Melquisedeque

Ainda que pareçam contraditórias as colocações que farei a seguir, temos entendido que em relação a potencialidades criadoras a “evolução” do espírito é infinita, entendimento este que está baseado no trecho do livro Obreiros da Vida Eterna de André Luiz ao qual acrescentamos um parênteses para melhor compreender o início da frase:

Os componentes dessas (Saturno e Júpiter),

por sua vez, esperam, ansiosos, o instante de serem convocados às

divinas assembléias que regem o nosso sistema solar. Entre essas

últimas, estão os que aguardam, cuidadosos e vigilantes, o minuto

em que serão chamados a colaborar com os que sustentam a constelação

de Hércules, a cuja família pertencemos. Os que orientam

nosso grupo de estrelas aspiram, naturalmente, a formar, um dia,

na coroa de gênios celestiais que amparam a vida e dirigem-na, no

sistema galáctico em que nos movimentamos. E sabe meu amigo

que a nossa Via-Láctea, viveiro e fonte de milhões de mundos, é

somente um detalhe da Criação Divina, uma nesga do Universo!...”

Como vimos no A Caminho da Luz, Jesus é um dos Espíritos responsáveis pela regência do Sistema Solar.


No livro Emmanuel, do espírito Emmanuel, temos a seguinte frase que também nos auxilia nesse entendimento: " acima de nós se encontram os seres superiores da espiritualidade, que se hierarquizam ao infinito e cuja perfeição nos compete alcançar."


Podemos perceber que Emmanuel nos traz duas classificações, a Hierarquia dos espíritos e a perfeição. Uma é infinita, a outra todos alcançaremos.


Levantando hipóteses, sabemos que toda obra necessita de organização para que funcione. Daí poderíamos supor que, Melquisedeque pertencesse a coordenação Geral do Sistema Solar, da Constelação de Hércules ou quem sabe da nossa galáxia. Pois sabemos que tudo flui de maneira harmônica e equilibrada.

Há também há possibilidade de que, quando Jesus estava em sua jornada de progresso Melquisedeque tenha sido seu Cristo Planetário, até que o próprio Jesus alcançou a condição de espírito puro, tornando-se Cristo e tendo tido como responsabilidade governar o nosso planeta.

Em linhas gerais, os espíritos em vivência plena da Lei de Sociedade, não vivem, nem tomam decisões sozinhos, e acreditamos que a “Ordem de Melquisedeque” citada pelo apóstolo Paulo exemplifique isso.

No mais, busquemos sempre a referência em Jesus e Kardec, valendo-se também das boas obras espíritas. Aguardemos a universalidade do ensino dos espíritos e utilizemos sempre do Bom Senso e da Razão.

Que Jesus nos ampare sempre!